O Brasil de hoje, cenários e tendências
segunda, 01 de abril de 2024
CACIOPAR
O início do século 21 traz inúmeros dilemas à espécie dominante. Jamais na história tantos desafios estiveram alinhados de forma simultânea nem tão pouco tantas oportunidades. É disso que falou o pós-doutor em Administração Claudio Rojo durante palestra de abertura do calendário da Caciopar para o ano de 2024.
A velocidade e a complexidade como essas mudanças se apresentam agravam o desafio, alertou o professor, que falou sobre Brasil, cenários e tendências nos negócios. “Aqui há ainda outros elementos que tornam essas discussões mais intensas e necessárias, a exemplo da presença da ideologia em áreas importantes, ajudando a consolidar uma cultura da deturpação do que é do outro”.
Claudio lembrou que a moeda e os seus meios de produção são verdadeiramente fortes quando o Judiciário baseia suas decisões na justiça legalista. Mesmo com tanta informação disponível e com o advento das inteligências artificiais, pela primeira vez o QI da nova geração será inferior ao da anterior. Há, no Brasil, problema sério de analfabetismo funcional e em boa parte do mundo a educação foi transformada em algo propício à redução cognitiva.
Mesmo que as inteligências artificiais avancem de forma rápida, não se deve esquecer os bons métodos de educação nem baixar a guarda aos adversários dos valores que a civilização levou bastante tempo para criar e aprimorar, conforme Claudio. O professor falou também de educação tradicional versus educação formal, descentralizada e distribuída. Esse choque, que prejudica a formação de bons profissionais ao mercado, faz com que um número crescente de empresas busque por conta própria a solução para que sigam produzindo e gerando riquezas.
Mudanças
Com tudo o que vem ocorrendo, há novos papéis e nova configuração de família; tendência de redução demográfica mundial já com surgimento de cidades abandonadas na Europa; sinal de alerta ao mercado imobiliário com exceção de regiões com adensamento, como ocorre com Cascavel; maior longevidade e crise na previdência, e a inteligência artificial colocando o setor de empregos em ponto de atenção.
Todos esses aspectos precisam ser considerados em uma época de tantas transformações, conforme Claudio Rojo. O Paraná reúne condições diferenciadas, mesmo assim suas autoridades e líderes precisam estar atentos aos movimentos do mundo. O Paraná foi, em 2023, o estado com maior crescimento no País, resultado em boa parte da pujança do seu agronegócio e da força das suas cooperativas. Mas, para seguir crescendo, um dos caminhos é investir mais em agregar valor às commodities, com incentivos à indústria e agroindústria local, evitando transferir renda aos países desenvolvidos.
Planejamento
Ensinar as pessoas sobre o mercado de ações é outra oportunidade que o Brasil precisa priorizar. Nos Estados Unidos, metade de seus 350 milhões de habitantes investe na bolsa, enquanto que no Brasil são apenas seis milhões. “Esse é um setor que permite às pessoas se capitalizar e ao país crescer de maneira mais consistente. Com mais dinheiro, essas pessoas passam a depender menos do governo e dos seus serviços”, pontuou o professor.
Com décadas de estudos sobre economia, administração e mercados, Claudio desenvolveu um método para simular cenários, reduzindo riscos e impactos. O modelo considera três possibilidades: olhar futuro realista, otimista e pessimista e, a partir daí, definem-se estratégias antecipadas para que pessoas, empresas e país estejam mais preparados para o que vier. “A sociedade precisa ficar alerta para não cair na espiral do silêncio”, alertou o professor.
Claudio fez um exercício, com cenários possíveis ao Brasil. Ele afirmou que o ideal seria: entrada de capital externo; real valorizado; controle da inflação de bens e serviços; aparelhamento estatal em queda; infraestrutura em crescimento, contas públicas sob controle e confiança no governo em alta.
O professor, entretanto, sinalizou para um cenário de dificuldades a partir do seguinte panorama: conflito entre instituições; liberdade sob risco; Constituição sob legislação judicial; aparelhamento de base concursada; omissão da Câmara e Senado, e poucos técnicos saindo das instituições de ensino às empresas, o que reduz os índices de competitividade nacional.
Crédito: Assessoria
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