Assaí e a lógica de mudar o conceito de educação reativa para antecipatória
terça, 30 de setembro de 2025
CACIOPAR
Conquistar 30 prêmios em educação em um país com sérios problemas de aprendizado e que vai mal em testes que aferem a qualidade do ensino não é uma tarefa simples. O Assaí Tech, projeto desenvolvido em um município paranaense de apenas 15 mil habitantes, mostra que é possível transformar histórias e vidas com o método e a motivação certa. O modelo de ensino desenvolvido no município, que desperta olhares dos mais diferentes cantos do Brasil e do exterior, coloca Assaí entre as cidades mais inteligentes do planeta. É sobre isso que falou no 2º Fórum Econômico e Político do Oeste do Paraná, na última sexta-feira, na Acic, em Cascavel, o professor Igor Oliveira.
O princípio das mudanças instaladas em Assaí parte do pressuposto que as políticas precisam ser proativas. Que a educação deve ser antecipatória e não reativa. Segundo Igor, o Brasil parou no tempo e as políticas vigentes na área da educação pública são do século 19. A escola precisa evoluir, porque hoje os alunos são nativos digitais, são pessoas que não contemplam o tédio e que precisam de bons atrativos para ter sua atenção capturada. Nas escolas de Assaí, o professor não é centro do conhecimento, já que este passou, com o uso do celular e de outros dispositivos a ser Omni (experiência integrada e contínua em múltiplos canais e ambientes).
O aluno precisa do professor para entender os diversos conhecimentos que estão diante dele, então é necessário mudar a forma de ensinar, não transferindo conhecimento para e sim com. É fundamental, para esse método dar certo, conforme Igor, entender o novo setup social, formado por redes sociais ativas e cada vez mais presentes na vida de todos, injetando dopamina e redefinindo o comportamento das pessoas e do ambiente escolar. Em Assaí, o sistema empregado entende a educação como integrada, que vai da primeira infância ao primeiro emprego.
Atualmente, 11 instituições de ensino superior, públicas e privadas, estão unidas à metodologia desenvolvida no município de cultura japonesa a 30 quilômetros de Londrina. “Trabalhamos, entre muitas outras coisas, o Conceito dos 3 Es – educação, estrutura e estímulo, unindo a isso ao olhar da trabalhabilidade (conceito mais amplo de habilidades e versatilidades para o mercado), instigando a capacidade empreendedora e fazendo com que o professor, por meio de método ativo, trabalhe segundo a vocação dos alunos”, conforme Igor. Diferente do que outros defendem, inclusive com normas baixadas por países inteiros, em Assaí a inovação, a IA e outros recursos tecnológicos são entendidos como modelos de aprendizagem.
De baixo para cima
A aplicação do modelo de ensino que faz de Assaí uma das sete cidades mais inteligentes do planeta foi cuidadosamente estudada. A novidade foi implantada de baixo para cima. O aluno, pelo seu interesse às novas tecnologias, passou a alterar a postura do professor em sala. Os estudantes passaram a participar de maratonas de tecnologia, a apresentar soluções aos mais diferentes problemas locais e, gradualmente, instalou-se uma nova cultura de ensino, que culminou com a implantação do Vale do Sol, em 2022, largamente reconhecido e premiado.
O ensino nas escolas de Assaí é trilíngue, com o desenvolvimento de trilhas informativas e a observação da metagovernança, uma estrutura que vai além dos modelos tradicionais de governo (colaborativa, responsiva, econômica, algorítmica, multinível e transformacional). Um dos projetos criados pelos alunos é o Uber da saúde, sistema que usa aplicativo para agendar e gerenciar o transporte de pacientes para atendimentos de saúde. “O primeiro passo para uma educação vencedora é entender o que ela pode entregar e, então, desenvolver um modelo capaz de mudar a mentalidade de ser reativo para antecipatório”, destaca Igor Oliveira, fazendo-se assim, da educação, um vetor de transformação.
Os mediadores do painel Assaí Tech foram o coordenador da Câmara Técnica de Educação do POD (Programa Oeste em Desenvolvimento), Jadson Siqueira, e a coordenadora de Cultura Empreendedora e Liderança do Sebrae Paraná, Elisangela Rosa. O 2º Fórum Econômico e Político do Oeste do Paraná foi realizado pela Caciopar, POD, Acic e Sebrae com apoio da Amop, Acamop e Governo do Paraná por meio da Secretaria Estadual de Educação.
Crédito: Assessoria
Galeria de Fotos